associação cultural vontade de ver: o cinema, sua linguagem e suas funções pedagógicas e educacionais. A Associação promove cursos, oficinas, encontros e o festival de cinema cineme-se e o cinesurpresa

de Federico Fellini

"O cinema é o modo mais direto de entrar em competição com Deus."

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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Os Desafinados, desafina


Nestes 50 anos de Bossa Nova o filme Os Desafinados entra em cartaz para homenagear a Bossa Nova mas, eu não o veria novamente. Os Desafinados é um filme fraco, desafina mesmo. Tirando a trilha sonora, que é maravilhosa, assim como a direção de arte e fotografia é so isso. O roteiro é chato e se perde principalmente por valorizar demais o romance existente entre Glória (Cláudia Abreu) e Joaquim (Rodrigo Santoro).

Para um filme que estréia durante a comemoração dos 50 anos da Bossa Nova ele deixa muito a desejar. Se você não sabe como começou, importância, estilo, precursores etc, vai continuar sem saber. Tá certo, o filme não é para ser um documentário mas daria para encaixar esse clima histórico do início da Bossa Nova o que não acontece. (Falo mais sobre Bossa Nova mais abaixo).

Você vai sentir o clima, a “bossa”, da época graças a direção de arte impecável e trilha sonora, responsabilidade de Wagner Tiso. Na minha opinião é o que mais vale a pena neste filme. Não veria novamente, mas ouviria sempre!

Falando da direção de arte, mais precisamente do figurino, são impecáveis. São todos perfeitos, combinam entre si, com a cidade, com a fotografia, com a trilha e lógico com a época e história. O figurino dos homens se destaca, não por chamar mais a atenção, isso fica por conta do figurino da personagem de Cláudia Abreu, mas poque roupas masculinas justamente por serem menos elaboradas, terem menos acessórios, acho mais difíceis de compor e transmitir os conceitos de uma época. Os pequenos detalhes são importantes: comprimento de calças e mangas de camisa. Nós de gravata, meias, cortes de ternos, cores etc. Por isso meu voto vai para o figurino dos meninos dos Desafinados.

Para quem gosta de música, principalmente de Bossa Nova, e para quem canta, ou tenta, como eu, é fácil se identificar com os personagens de Os Desafinados. No meu caso me identifico com o grupo de musicos pela paixão com que acreditam e correm atrás do que fazem e, um pouco, com Glória pelo fato de cantar com um grupo de rapazes o que me faz lembrar as vezes em que Fabio Machado, Alê Morales e mais recentemente Marcio Dias nos apresentamos juntos, eles nos inrtumentos e eu na voz. Sempre muito bom e sempre com muito “bossa” e com Bossa Nova no repertório.

Deixo aqui algumas frases do maravilhoso Tom Jobim:

"A gente só leva da vida a vida que a gente leva - É preciso sobreviver para atingir a idade da realização, para ser feliz. Não vale sair antes do jogo terminar. - Eu vou morrer um dia, a música vai ficar...”

Frases que combinam perfeitamente com uma cena que gostei demais no filme: quando aos poucos os garotos de Os Desafinados, vão se juntando devagar aos músicos de Jazz de uma boate em Nova Iorque, impossível não fazer uma referência a música influência do jazz de Carlos Lyra, não que a música tocada lembre ou seja uma referência direta, mas a mistura de ritmos se intercalanddo uma forte relação entre a Bossa Nova e o Jazz.

E deixo uma dica de site onde você pode ler e saber mais sobre a Bossa Nova de João Gilberto, Tom Vinícius e Nara Leão — considerada a musa da Bossa Nova — e que viu este novo ritmo nascer no seu apartamento que recebia constantemente estes e outros grandes nomes da época.
Vale a pena conhecer mais sobre Chega de Saudade, música que marca o início da Bossa Nova, gravada pela primeira vez por Elizeth Cardoso e eternizada por muitos. Saber que a bossa nova teve que fazer sucesso e ser reconhecida em São Paulo para somente depois assumir seu posto eterno no Rio. Conhecer mais sobre o encontro histórico de João Gilberto, Vinícuis de Moraes, Tom Jobim e Os Cariocas.
Poderia escrever horas aqui sobre Bossa Nova, até poque Os Desafinados deixa muito a desejar, mas prestigiem o ótimo material do especial da Abril Bossa Nova 50 anos.

Quer ler mais opiniões sobre Os Desafinados? Entre no site do Cinesurpresa

Termino este artigo com uma pergunta que o filme me deu vontade de fazer a todos os participantes e faço para vocês leitores também:

Que música representa o BRASIL para você?

Para mim Vinícius de Moraes é o Brasil. Cresci ouvindo Vinícius, Tom, Elis e cia. Chico também é Brasil para mim. Cartola lembra o Brasil. Escolher uma música dessa turma é muito difícil, mas acredito que em primeiro lugar Chega de Saudade e As Rosas não Falam, são duas músicas que sempre canto sozinha em momentos de saudosismo.

E para você, qual música lembra, representa o Brasil? Conte para gente.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Noite multicromática abre o Festival

As homenageadas da noite estavam em todo lugar. As cores fazem parte de tudo, e no Teatro do Sesc, na abertura do Cineme-se 2008, havia um telão só pra elas. Do vermelho, passava para o amarelo, depois para o verde, seguindo para o azul, que se transformava em roxo para depois virar vermelho novamente.

À frente das homenageadas, várias apresentações feitas para marcar o início do festival, um dos maiores eventos cineclubistas do litoral paulista.

"A gente sempre escolhe um tema que retrate a experiência do cinema. Com as cores, vêm todas essas questões de diversidade de linguagem que mudaram a história do cinema", conta Eduardo Ricci, diretor do Cineme-se.

A noite de abertura foi recheada de apresentações musicais e visuais, mas como se trata de um festival de cinema, não poderia faltar espaço para a sétima arte. Foram exibidos três curtas-metragens, considerados pela Associação Vontade de Ver [V²] como os melhores da seleção do Cineme-se.

"Procuramos escolher três curtas que fossem bem diferentes um do outro. Por isso, temos uma comédia ["Entre Cores e Navalhas", de Catarina Accioly], um bem moderno ["Moradores do 304", de Leonardo Cata Preta] e um com uma crítica à sociedade ["Ladrão de Ar", de Caue Angeli]", explica Márcia Okida, coordenadora da V².

O Cineme-se 2008 acabou de começar. Para hoje estão marcadas a Sessão Cineme-se, a Sessão Criança, a Sessão Longa-Metragem, a Sessão Maio de 68 e a Sessão Anime. Cada uma exibirá filmes respeitando seus temas.

A Sessão Longa-Metragem vai exibir o filme "O Tablado de Maria Clara Machado", documentário de Creuza Gravina.

Durante os dias 27 de maio e 1 de junho, mais de 120 curtas-metragens e três longas serão exibidos em diferentes locais de Santos. As sessões acontecerão no Cineclube Lanterna Mágica, da UNISANTA, Sesc, Clube do Choro, Sesi e Cine Roxy.
Texto Ricardo Prado e Fotos Nara Assunção






















domingo, 20 de abril de 2008

segunda-feira, 24 de março de 2008

Jogos do Poder


Já esta publicado no nosso Blog parceiro o 8º encontro do CINESURPRESA que foi com o filme Jogos do Poder. Leia, de sua opinião e participe do próximo encontro dia 13 de abril. Para ler sobre o filme e saber o que é o CINESURPRESA clique aqui


quarta-feira, 5 de março de 2008

2º CURTA NA MESA


Chegou o nosso 2º CURTA NA MESA: O Cinema, O Jantar, Meus Amigos e Você e você não vai querer perder desta vez certo?! A nossa 1º edição já foi um sucesso que você pode conferir em nosso post sobre o 1º jantar e ver as fotos ao lado. Para quem ainda não sabe exatamente o que é o CURTA NA MESA, eu explico: É um encontro de pessoas que gostam de cinema, música e comida.

Quer uma combinação melhor?


comecemos falando do local que nesta edição é uma atração a parte: será no Clube do Choro de Santos, que se tornou nosso parceiro em alguns eventos. Estaremos em um prédio com uma bela arquitetura na Rua XV de Novembro (Santos, SP) e você conhecerá, durante a noite, um pouco do pessoal e do trabalho do Clube do Choro de Santos.
• enquanto escuta um Chorinho com o Clube do Choro teremos aperitivos, no nosso caso como falamos de cinema não pode faltar pipoca e outros petiscos.
• depois a entrada
• dois pratos quentes (principais)
• sobremesa
• café e chá com amantegados na saída
serviço de Bartender do Litoral Bartender durante o período do jantar (coquetéis com e sem álcool)
• água, refrigerante e suco
• música ao vivo (violão e voz de temas de filmes)
• som ambiente com música mecânica
• exibição de curtas metragens completos e cenas de filmes durante o jantar
• sorteios
• e uma atração específica do nosso evento: O Sabor da Cena onde você experimenta uma receita de um filme vendo a cena onde ela aparece. No primeiro jantar foram os Tomates Verdes Fritos e agora você poderá experimentar o Creme Brulle do filme Amélie Poulain. E mais levará a receita para casa. (essa receita não faz parte da sobremesa do jantar que será outra, então temos a sobremesa e também o sabor da cena com o Creme Brulle)

Tudo isso por apenas R$ 30,00.

Como fazer para garantir sua presença? Envie um e-mail para gente e faça um depósito na conta da Associação: Banco Itaú - Agência 2217 - conta 06129-6 em nome de Eduardo Ricci (nosso presidente) ou Fabio Machado (nosso diretor financeiro)

Bem, é isso, te encontro por lá. Eu, se fosse você não perderia essa nova edição do CURTA NA MESA por nada!

Agredecemos nossos parceiros:
Clube do Choro de Santos - Litoral Bartender - Unisanta - Cineclube Lanterna Mágica - Organização: Associação Cultural Vontade de Ver


Você já foi no CINESURPRESA?

Então o que está esperando? Já estamos na 8ª edição do nosso encontro do CINESURPRESA, e desta vez estaremos no Cine Roxy, no Gonzaga, as 18h em ponto para escolher por votação, com quem estiver lá neste horário, o filme e sessão que iremos ver, então cheguem na hora ok! Não percam mais um encontro desta turma: dia 9 de março - 18h - Cine Roxy, Gonzaga, Santos. Te vejo por lá. Quer saber mais e ver imagens e textos dos encontros anteriores entre no blog do envento CINESURPRESA
Ah! e não se esqueçam de reservarem um lugar no nosso já famoso jantar CURTA NA MESA!


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Onde os Fracos não Tem Vez

“Call it friend-o” • Anton Chigurh (Javier Barden)

— Faça a sua escolha amigo. Cara ou coroa?

— Eu não apostei nada.


— Apostou sim. Está apostando a vida inteira. Você apenas não sabia.

Desde o início o filme já diz a que veio.
Cenas de homens caçando, matando animais e outros homens. Em um deste momentos, em uma panorâmica linda uma imensa sombra negra cobre vagarosamente a paisagem seca e árida do Texas. Pronto, com poucos minutos o filme já mostra o que se deve esperar em relação a ritmo, tema, roteiro e uma fotografia belíssima. Infelizmente é uma pena que poucas pessoas se dão conta disso, da proposta de linguagem e de roteiro do filme. Onde os Fracos não tem Vez, tem sofrido críticas ruins de espectadores e ótimas de especilistas que elogiam o roteiro, diálogos, fotografia etc. Mas cada um tem seu gosto, e como se diz, gosto não se discute certo!
Por isso o CINESURPRESA é sempre aberto e expõe a opinião de quem gosta e quem não gosta e esta é a minha:

“Onde os fracos não tem vez” é um grande filme, principalmente por não ser de fácil disgestão, é difícil, possui um ritmo lento para um filme de velho oeste, tem um fotografia perfeita e sonoplastia que poderia ser considerada como um personagem a parte. É um filme de personagens bem trabalhos, isso quer dizer que não possuem personildades fáceis, o contrário, e é um filme de grande e ótimos diáologos.


Críticas sobre o final do filme então, existem de monte. Acredito que isto aconteça porque as pessoas gostam e estão acostumadas com finais amarrados ou de impacto.
Mas a proposta de final do filme também está embutida durante toda a história. Em certo momento um dos personagens fala “Você sabe como tudo isso vai acabar” e em outro momento “Os crimes de hoje são difíceis de compreender”. O final acontece depois que todos tem seus destinos arrumados, tudo que tinha acontecer com cada personagem acontece, então porque e para que fazer, criar, mostrar mais?

“No meu sonho, eu sabia que ele estava indo na frente e que ele prepararia uma fogueira lá fora, na escuridão e no frio, e eu sabia que quando eu chegasse, ele estaria lá. E então eu acordei.”

Portanto, acho que é um final de impacto sim, fora do convencional, é feito para que você pense e não saia do cinema com tudo resolvido. Sem falar que é uma adaptação perfeita do romance de Cormac McCarthy onde o final é exatamente igual, assim como todo o filme possui uma adaptação correta de cenas e história.
Vale aqui falar do nome o nome original é “No country for Olf Men” que na tradução correta, não literal, do que este título significa é “Sem nação para os Velhos” e com este título fica mais fácil de entender a narração em off do início e o final do filme.

Ele começa o filme falando que gosta de ouvir histórias sobre o velho oeste, fala que vem de uma gerção de homens da lei, de xerifes, onde antigamente eles nem precisavam usar armas, antigamente tudo era diferente, nao havia tanta violencia, crueldade. Diz que nos dias hoje isso seria impossível e quem continuar vivendo e agindo como naqueles tempos não têm as mesmas possibilidades de sobrevivência, ou seja “Sem nação para os Velhos”. E termina contando uma história de uma assassinato horrível de antigamente e que estamos prestes a conhecer um caso de grande crueldade.


Que vamos ouvir e ver uma história, ou lenda, sobre o velho oeste e de um assassino perigoso fica claro com esse início de filme, não apenas pelas cenasjá descritas mas por essa locução em off do Shefiff Bell (Tomy Lee Jones).
Uma história de velho oeste e onde podemos aplicar uma frase histórica de filmes deste gênero “quando a lenda é mais interessante que um fato, publica-se a lenda” (O Homem que Matou Liberty Valance” de John Ford - um clássico do faroeste). E Anton Chigurh (Javier Barden) virou lenda com este final destes e não um caso na história.
Poderia ficar horas aqui falando e citando dialógos frases deste filme mas algumas realmente nos mostram como o roteiro e tudo mais no filme é perfeito:

— A idade simplifica o homem (Shefiff Bell - Tomy Lee Jones)
O filme tem esta simplicidade em tudo.

ou ainda o diálogo entre Carson Wells (Hoody Harrelson) e Anton Chigurh (Javier Barden)

— Você tem idéia do quanto é louco? (Carson)
— Você se refere à natureza desta conversa? (Anton)
— Eu me refiro à natureza de sua pessoa. (Carson)

Onde os Fracos não tem Vez é um filme que mostra claramente a natureza de cada um dos personagens, principalmente a de Anton, o que fica claro na primeira cena de assassinato. Seus olhar diz tudo. Fora isso tem diálogos engraçados, muitta tensão e realmente mexe com nossos instintos, incomoda.

Bem eu indico e espero que logo mais a noite, na premiação do Oscar que é daqui a pouco ele ganhe muitos prêmios. Por isso até coloco este post antes para que ninguém fale que fui influenciada. Como sempre mande opiniões, concordando, discordando etc etc.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

o mundo de Amélie Poulain

“Siga as setas amarelas senhor Quincampoix”
* todos os textos em branco são originais do filme

No filme, ele seguiu e mudou seu destino.
Siga o seu, mude sua vida, vendo “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”.
Um filme fabuloso, como o nome já diz. Uma fábula, um sonho, uma inspiração.
Amélie leva até as telas imagens maravilhosas de uma direção de arte e fotografia impecáveis — além de todo o filme também — de cores surpreendentes, iluminadas, inspiradas na obra de um pintor brasileiro, Juarez Machado, Amélie tem sua linguagem cromática composta, basicamente, por três cores: muito verde e vermelho e pontuações em azul. Apesar se ser baseado em Juarez Machado, não dá para esquecer a famosa frase de Van Gogh sobre estas cores: “desejo transmitir com os vermelhos e os verdes as terríveis paixões humanas”.
As paixões humanas que Van Gogh falava eram outras, mas também estas: paixão pela vida, pela mudança, pelo desconhecido, pelas pessoas. Cores contrastantes, opostas, que combinam perfeitamente com cclima desejado pelo diretor.

Jean-Pierre Jeunet (1997: Alien - A ressurreição, 1995: Ladrão de sonhos, 1991: Delicatessen) não havia gostado do que aconteceu com as luzes e cores de seus filmes anteriores, Delicatessen e Ladrão de Sonhos, por isso, Amélie teve suas cores corrigidas digitalmente em altíssima resolução. O resultado não poderia ser melhor. Cores vivas, que apesar de climatizarem todo o filme, também são personagens, pois marcam precisamente, as emoções, intenções, momentos etc.
Além disso o filme traz o clima, a inspiração, nem que seja indireta, de muitos dos grandes pintores que por alí passaram. Amélie é filmado no bairro de Montmatre, em Paris, por onde perambulavam entre os cafés, bares, ruas, pintores como Vincent van Gogh, Paul Gauguin, Toulouse-Lautrec, Renoir (que está presente no filme, leia mais adiante), escritores como Emile Zola entre tantos outros artistas e escritores. Um ambiente, um bairro que transpita arte.
Amélie não poderia ter outro visual senão este que é apresentado. Abaixo fotos reais do "Café 2 de Moulins" onde se passa o filme (esquerda), da barraca de frutas e abaixo a direita uma foto do bairro de Montmatre.



Além de suas cores e luzes, os enquadramentos, movimentos de câmeras, são um presente para os olhos. O modo como Amélie e muitos outros personagens são mostrados, dão uma sensação de fantasia e ao mesmo tempo proximidade com o espectador. As vezes parecemos estar atrás de uma bola de cristal — a imagem é levemente distorcida, principalmente em closes — observando o futuro das pessoas ser mudado por Amélie. (vem os videos abaixo)

“É impressionante como de repente toda sua vida parece caber numa caixinha desse tamanho!”
Ou numa bola... será que não seria Amélie mudando a vida das pessoas de dentro sua bola de cristal?
E se Amélie mudasse a sua vida?

“Se Amélie preferia viver em seus sonhos e seguir sendo uma garota introvertida, estava em seu direito” mas em 31 de agosto às 4:00 da manhã após achar uma caixinha com diversas lembranças no assoalho de sua casa “Amélie é surpreendida por uma idéia deslumbrante, propõe-se a encontrar o proprietário da caixa de lembranças onde quer que ele estivesse e lhe restituir seu tesouro, e decide que: se ele se comover, dedicará sua vida à ajudar as pessoas, senão... não fará nada.”
Uma das pessoas que Amélie ajuda é um velho pintor, que tem um problema nos ossos que se quebram facilmente e por isso quase nunca sai de casa, passou sua vida falsificando pinturas de Renoir — mais uma vez a referência a arte e aos pintores citados anteriormente — em um destes encontros temos um dos diálogos mais perfeitos do filme:

“ — Essa garota do vaso de água... acho que está distraída porque está pensando em alguém — Referes-te a alguém do quadro? — Não, quem sabe alguém com quem ela cruzou e lhe deu a impressão de que os dois se pareciam. — Ah, ou será que ela prefere imaginar uma relação com alguém ausente ao invés de ter uma com os que estão a seu lado. — Não sei... Quem sabe seja o contrário e ela se decida por arrumar a vida dos demais. — E a dela? De todos as bagunças de sua vida, quem ajudará? — Em minha opinião é melhor dedicar-se aos outros que a um gnomo de jardim.”



E a viagem deste gnomo de jardim é praticamente uma história a parte, um roteiro que valeria um outro filme. Ao ver a história deste gnomo, seu dono e Amélie, pense além do simples boneco, assim como temos que ver além do olhos de Amélie para ver de verdade cada personagens. E assim se desenvolve o filme Amélie ajudando os que a cercam e buscando um amor.

“— Não, idiota. Está apaixonada.
— Mas eu não a conheço.

— Claro que a conheces. Desde desde sempre, em teus sonhos”


Várias são as cenas que merecem atenção especial no filme. Aqui vão algumas:

• Logo que Amélie decide ajudar as pessoas ela começa por um cego. A cena, quase toda em plano seqüencia é bárbara (foi filmada inicialmente em plano seqüencia, ou seja sem cortes), os cortes que entram quebrando a continuidade são precisos, assim como, os movimentos de câmera parecem os movimentos rápidos dos olhos de Amélie, e as sensações do cego, em acompanhar a diversidade de informações visuais que ela transmite. A cena se encerra com um movimento maravilhoso em câmera alta, mostrando como Amélie mudou sua vida. Vale reparar, veja abaixo.



• Uma das minhas favoritas — são tantas — é curta mas espetacular: quando Amélie vai até o Canal San Martin atirar pedras na água. A cena toda em verde, apenas o vestido de Amélie em vermelho tem um movimento de câmera belíssimo, singelo, como se fosse uma extensão do movimento dos braços dela. Você pode ver esta cena, junto com outras também ótimas, no vídeo abaixo. Preste atenção em cada movimento da câmera, sua velocidade, como ela desliza e muda de plano.



• Outras: O momento em que seu abajour e quadros de animais que tem em seu quarto tomam vida e falam. • Em um determinado momento do filme bolas de gude caem ao chão e pulam com suas transparências em preto e branco. Nunca imaginei que bolas de gude dessem uma cena tão bela. • A cena final com Amélie andando de moto com Nino.
Enfim são tantas que se for listar seria o filme inteiro. Segue mais um vídeo com alguns destes momentos.



Essa linguagem de câmera, movimentos, velocidade, direção de arte, fotografia, formam um conjunto perfeito com o roteiro sem furos, leve e ao mesmo tempo intenso e repleto de mensagens, diretas, simbólicas, imagéticas etc... Não podemos esquecer a trilha do filme, também sensacional, você pôde ouvir um pouco em alguns destes videos colocados aqui.

Nada em Amélie é por acaso. Em Amélie devemos olhar além do dedo...

“Quando o dedo aponta para o céu, o imbecil olha para o dedo”

Tudo trabalha em um conjunto para fazer com que Amélie se torne uma antiga conhecida nossa, faz com que compartilhemos de sua vida e nos sentimos cúmplices de sua aventura.



Bem paro por aqui e deixo mais informações, principalmente sobre a função das cores e da idéia gráfica do cartaz do filme em meu blog de arte e design. Para ler é só clicar aqui. E aguardo opiniões, palpites etc... Escrevam para a Vontade de Ver.

“Algumas pessoas se conhecem desde sempre”